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J. P. Morgan e Goldman Sachs veem luz no fim do túnel

O executivo-chefe do J.P. Morgan Chase, Jamie Dimon, e o CEO do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, preveem que Wall Street vai se recuperar da queda de receitas de 2011. Concorrentes e analistas não têm tanta certeza.

No quarto trimestre, os lucros divulgados pelos seis maiores bancos americanos mostram que o setor sofreu uma terceira queda trimestral consecutiva na receita combinada de trading e das atividades de investimento. Em coletiva de imprensa na semana passada, os analistas pressionaram os executivos com um refrão semelhante: Será esse um esfriamento temporário ou uma mudança duradoura que resultará em menores volumes, lucros e remunerações?

“Esse é um grande debate”, disse Paul Miller, um ex-analista do Federal Reserve Bank de Filadélfia e analista da FBR Capital Markets, em Arlington, Virginia. “Muitos pessimistas estão dizendo que é por causa de regulamentação e desalavancagem, e outros estão dizendo que é cíclico. Eu acho que é um pouco de cada coisa”.

Executivos e analistas estão focados em regulamentos mais rígidos, regras de capital e uma economia fraca poderá sacramentar um declínio nas receitas, depois que a crise da dívida europeia reduziu os volumes de negócios de fusões e aquisições empresariais no segundo semestre do ano passado. Os bancos Credit Suisse Group AG, UBS AG e Royal Bank of Scotland Group Plc, que estão, todos, diminuindo seus investimentos, já anunciaram planos para eliminar cerca de 8,3 mil empregos desde o início de novembro.

“Nós todos torcíamos para que os ventos contrários a nossos negócios -baixos níveis de atividade dos clientes, baixas taxas de juro, volatilidade do mercado e incerteza política em todo o mundo – iriam amainar”, disse Brady Dougan, CEO do Credit Suisse, a analistas em 1º de novembro. Naquele dia, o banco disse que iria cortar cerca de 1,5 mil postos de trabalho, além dos 2 mil anunciados anteriormente, e reorganizar sua divisão de negócios com títulos, após informar um lucro abaixo das estimativas de analistas para o terceiro trimestre. “Agora está claro, porém, que essas tendências seculares podem persistir por um período prolongado”, disse ele.

Dimon e Blankfein, a partir de então, procuraram tranquilizar os investidores no sentido de que os mercados e os lucros das divisões de negócios com títulos vão se recuperar.

“O mundo vai reagir, e vai ser uma surpresa, e vai ser mais rápido do que as pessoas pensam”, disse Blankfein, 57, em conferência com investidores em 15 de novembro. Na semana passada, o diretor financeiro David Viniar repetiu as declarações, depois que a companhia anunciou uma queda de 25% em sua receita comercial em comparação com o terceiro trimestre, para US$ 3,06 bilhões.

“Estamos claramente em uma recessão cíclica”, e não em um declínio secular, disse Viniar. “Há menos atividade cíclica. Isso vai voltar. Não tenho nenhuma ideia de quando, mas vai voltar”.

Dimon, 55, disse que a atividade bancária de investimentos é um negócio volátil em que os volumes podem oscilar em 50% diariamente.

“Não é uma coisa mística”, disse ele a repórteres em uma teleconferência em 13 de janeiro. “Você tem apenas que cuidar da gestão dos negócios com cuidado e entender que vai ter esses tipos de oscilações. Não creio que os números mais baixos sejam permanentes. Eu acho que quando as coisas voltarem, esses números voltarão a explodir.”

As emissões de ações em todo o mundo caíram para US$ 163 bilhões no último semestre de 2011, 53% abaixo do registrado nos primeiros seis meses, segundo dados compilados pela “Bloomberg”. A emissão de títulos de empresas também derrapou em meio à crise europeia e a uma economia americana mais desaquecida do que o esperado.

Os esforços do governo para evitar que os bancos negociem com seu próprio dinheiro também têm um impacto que pode ser duradouro, disse Charles Bobrinskoy, vice-presidente da Ariel Investments, de Chicago, e também seu diretor de pesquisas, que tem cerca de US$ 5 bilhões sob gestão e tem em carteira ações dos bancos Goldman Sachs, J.P. Morgan, Citigroup Inc e Morgan Stanley, todos de Nova York.

“É um pouco das duas coisas – é um pouco de secular, um pouco cíclico”, disse ele.

Não é benéfico que legisladores e a agência competente estejam tentando limitar manobras financeiras que inflaram ou mascararam alavancagem no passado, tais como veículos financeiros não registrados em balanço, entidades de juros variáveis e títulos de dívida garantidos, disse Richard Bove, analista da Rochdale Securities LLC, em Lutz, Flórida.

“Não há mais CLO, CDOs, CDOs ao quadrado, CDOs ao cubo”, disse Bove, referindo-se a títulos e instrumentos financeiros que estiveram no coração da crise financeira de 2008 nos EUA. “Não há alavancagem e não há mercado. Os bancos não podem crescer ao mesmo ritmo.”

O Citigroup reduziu a remuneração de seus funcionários em 2011 devido a um declínio temporário no volume de trading e do apetite dos investidores, disse o CEO Vikram Pandit, 55 anos, a analistas em 17 de janeiro. O banco também reestruturou reservas e vendeu determinados ativos onde percebe uma mudança permanente no mercado, disse ele.

“Não há solução mágica”, disse Pandit. “É muito difícil interpretar exatamente que parte da atividade que estamos vendo é devida à situação cíclica e quanto é secular”.

Por: Dawn Harper Kopecki e Christine Harper
Tradução: Sergio Blum

Fonte: Valor Econômico

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