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Brasil ficou menos competitivo, mostra ranking

O Brasil perdeu duas posições no ranking de competitividade global de 2012 desenvolvido pelo Internacional Institute for Management Development (IMD), escola de negócios suíça. Das 59 nações pesquisadas, o país ficou na 46ª posição, atrás de parceiros latino-americanos como Chile e Peru. Outros membros do grupo dos Brics, como Índia e China, também mantiveram a dianteira em relação ao Brasil, mas perderam posições no ranking principalmente por causa da dependência do crescimento econômico dos países desenvolvidos, disse ao Valor Stéphane Garelli, diretor do Centro de Competitividade do IMD, baseado em Lausanne, na Suíça.

O Brasil, no entanto, ficou dois degraus abaixo da posição no ranking anterior principalmente por causa da performance doméstica em 2011, já que o índice leva em consideração indicadores econômicos do ano passado. A evolução da economia doméstica perdeu 15 posições na atual pesquisa e ficou em 25º lugar entre os 59 países contemplados pelo levantamento.

Ao Valor, Stéphane Garelli afirmou que ficou surpreso com o baixo crescimento da economia brasileira, de apenas 2,7%, em 2011. “O Brasil definitivamente pode fazer mais do que isso”, disse ele, para quem o país tem fundamentos fortes, entre eles o mercado de trabalho, com cerca de 53% da população em idade ativa. Na Itália, compara, apenas 41% das pessoas são hoje economicamente ativas.

Outra força para a economia brasileira ainda é a boa imagem que o Brasil desfruta fora do país. Nesse quesito, o país pontua em 19º lugar. Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, parceira do IMD na formulação do ranking no país, diz que uma parte do momento favorável do país como destino de investimentos estrangeiros se deve ao mau desempenho da economia global, com Europa em recessão e a economia dos EUA apresentando ainda uma incipiente recuperação.

Para ele, no entanto, essa boa vontade mundial mascara um quadro mais preocupante. “Desde o ano passado, o Brasil dá sinais de queda da capacidade de crescimento da demanda doméstica e perda de produtividade. O país gera empregos, mas não riqueza”, afirmou Arruda. O crescimento da renda e o aumento do consumo, argumenta, não têm se revertido em um ciclo positivo para a economia, já que uma parte é abastecida por produtos importados. A oferta de bens industriais no mundo preocupa e levou a China a perder posições no ranking pela primeira vez em 2012, por causa do crescimento mais fraco das exportações.

A prioridade do governo, afirma Arruda, deveria ser o ganho de produtividade. Garelli, do IMD, enfatiza a necessidade de o Brasil melhorar o ambiente de negócios. “A comunidade internacional ainda está bastante otimista com o Brasil, mas eles esperam agora algumas reformas que são necessárias”, diz. Em relação à facilidade de se fazer negócios no país, o Brasil aparece apenas em 53º lugar. Na facilidade para abertura de empresas, o país ocupa o penúltimo lugar no ranking. “Isso significa que oportunidades imensas de negócios no Brasil estão sendo travadas no momento pela dificuldade de se operar no país”, diz.

A redução da carga tributária é ponto citado pelos dois especialistas como essencial nessa agenda. Garelli menciona também a necessidade de reforma do mercado de trabalho, com regras mais flexíveis para contratação e demissão de mão de obra, além da redução dos encargos que incidem sobre a folha de pagamento. Esses problemas, avalia, afetam mais as pequenas e médias empresas do que as grandes corporações, que ainda são consideradas competitivas em escala global.

Outro ponto que apareceu como aspecto negativo do país na pesquisa foi a falta de mão de obra qualificada. Tem peso nessa questão, afirma Garelli, a desigualdade regional. “As histórias de sucesso de São Paulo e do Rio de Janeiro não se repetem em todo o país”, afirma.

É por isso, também, que o Brasil ficou atrás de países que estão no centro da turbulência europeia, como a Espanha e Portugal. “O Brasil tem uma desvantagem, que é o seu tamanho e as desigualdades sociais”, mencionando que apesar da crise nesses países, ambos têm acesso a um grande mercado, a União Europeia.

Os Brics como um todo perderam posições no ranking de competitividade por causa dos laços econômicos ainda fortes com os mercados europeus e americano, que enfrentam um momento de baixo crescimento. O ranking elaborado pela IMD avalia 329 critérios para mensurar o nível de competitividade de cada país, com respostas baseadas em pesquisas qualitativas e indicadores econômicos, tais como crescimento do PIB e fluxo de investimento estrangeiro direto, por exemplo.

“Há mais negócios sendo feitos entre países emergentes, mas ainda não o suficiente para prescindir da Europa e dos EUA”, explica. Como a situação no continente europeu é, no mínimo, “perturbadora”, a esperança é que os EUA retomem seu papel como locomotiva da economia global. No ranking, o país ficou em segundo lugar em termos de competitividade global, atrás apenas de Hong Kong.

Num ano de eleições, o Federal Reserve e o Tesouro americano devem agir em consonância para estimular a economia, afirma Garelli. O professor não descarta uma terceira rodada de afrouxamento quantitativo no país e avalia que, tanto nos EUA quanto na Europa, os formuladores de política econômica terão que tolerar níveis mais altos de inflação em troca de um nível de atividade econômica mais robusta. “O crescimento tem que ser uma prioridade”, afirma.

O ranking elaborado pela IMD avalia 329 critérios para mensurar o nível de competitividade de cada país, com respostas baseadas em pesquisas qualitativas e indicadores econômicos, tais como crescimento do PIB e fluxo de investimento estrangeiro direto, por exemplo.

Fonte: Valor Econômico

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