Os técnicos que atuam na capacitação de profissionais para trabalharem na orientação e suporte aos produtores no registro de informações ambientais das propriedades rurais avaliam que o governo federal falhou em seu esforço de informar aos produtores qual o propósito do CAR e como o cadastramento deve ser realizado.

Segundo Marcelo Lessa, consultor técnico da Faeg, em algumas regiões do Estado, a exemplo do Norte e Nordeste, ele pôde constatar a existência de produtores rurais que sequer sabem o que é o CAR, que precisam se cadastrar e que existe um prazo para isso.

Kamila Paganelli, coordenadora do Projeto CAR Comigo, observa que não houve, por exemplo, divulgação em meios de comunicação de massa, como a TV aberta. “Em Rio Verde fizemos spots em rádios locais, informando o produtor sobre a necessidade de fazer o registro de suas propriedades.”

Marcelo Lessa também vê falhas na capacitação de mão de obra para realizar e dar suporte aos produtores a fazerem o cadastro. Para ele, o papel desenvolvido pelas entidades de representação dos produtores e de qualificação profissional, como o Senar, foi decisiva para preencher, pelo menos em parte, as lacunas deixadas pelo governo federal. “Só o Senar já capacitou cerca de 1,1 mil técnicos em Goiás.”

Uma das dificuldades encontrada para fazer o registro no sistema eletrônico, segundo Kamila, é reunir documentos das propriedades rurais, principalmente aquelas que foram formadas com a aglutinação de várias parcelas menores, adquiridas ao longo dos anos.

Kamilla ressalta ainda a diversidade de fisionomias vegetais encontradas no Brasil, “o que provoca uma certa dificuldade de enquadrá-las, em alguns casos, nas imagens de satélite.” Outra dificuldade está relacionada à falta de padronização dos documentos nos cartórios de imóveis, a exemplo de certidões de matrículas e averbações de reserva legal.

Fonte: O Popular