O Brasil deverá aumentar sua fatia no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aproveitando a falta de interesse da Venezuela em participar da mais recente rodada de reforço de capital do organismo, informou uma fonte que acompanha as negociações.
O país formalizou seu interesse com uma carta para a secretaria do BID e, dependendo dos desdobramentos nas próximas semanas, a fatia brasileira no capital do organismo poderá subir dos atuais 11% para até 14,5%. Os valores em dólares do aporte ainda não estão definidos.
O Brasil passaria a ter mais peso, por exemplo, nas decisões do conselho de diretores-executivos do BID, que aprova todas as operações de crédito com valor superior a US$ 60 milhões. A operação não aumentaria, porém, a disponibilidade de recursos para o Brasil tomar empréstimos no organismo.
Em 2010, o conselho de governadores do BID, que reúne ministros da área econômica de países membros, aprovou uma chamada de capital de US$ 70 bilhões entre os sócios do organismo. O aumento de capital está sendo concretizado agora.
A Venezuela já comunicou ao BID que não pretende colocar mais dinheiro. A prioridade do presidente Hugo Chavez é criar o Banco do Sul, um organismo financeiro independente do governo de Washington. As regras do BID dizem que se um país não quiser participar dos aumentos de capital do banco, a prerrogativa será oferecida a países tomadores de recursos no organismo. O Brasil é o maior tomador de recursos, absorvendo cerca de 25% do orçamento anual do BID, hoje em torno de US$ 10 bilhões. Essa prerrogativa já permite aumentar a fatia brasileira no capital do BID para, no mínimo, 13%.
Há a expectativa, porém, de que outros países abram mão de participar da capitalização do BID. Nessa hipótese, abre-se nova oportunidade para o Brasil ampliar sua fatia no capital do organismo.
Cenários feitos pelo governo mostram que a fatia brasileira no capital do BID poderia alcançar os 14%.
Segundo a fonte que acompanha as negociações, a grande vantagem de o Brasil ampliar sua participação no capital do BID é ter mais peso nas decisões do organismo. O Brasil já é o segundo maior cotista do BID, atrás apenas dos EUA, que contam com uma participação de cerca de 30%. “Hoje, o Brasil toma pouco mais de US$ 2 bilhões por ano do BID, o que é relativamente pouco se a gente comparar com outras fontes de financiamento de longo prazo, como o BNDES”, afirma a fonte.
Por: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico
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