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Fundo Climático Verde tem problemas para atrair doadores

Três anos depois da criação do Fundo Climático Verde (GCF), na Conferência Climática da ONU em Cancún, em 2010, a ferramenta está iniciando sua primeira rodada de arrecadamento de fundos. Mas, apesar da expectativa, os reflexos ainda existentes da recessão econômica mundial estão dificultando esse financiamento, e mesmo pequenas quantias não estão sendo oferecidas pelos países. Pelo menos é a conclusão a que se chega na reunião do GCF nesta semana em Paris, na França.

“Doações e empréstimos concessionais são recursos escassos, especialmente em um mundo onde muitos dos tradicionais contribuintes dos países desenvolvidos ainda estão se recuperando da crise financeira e econômica global”, observou Hela Cheikhrouhou, diretora executiva do GCF, ao Financial Times.

Cheikhrouhou alertou que não agir rapidamente trará consequências financeiras que podem ser ainda mais caras do que investir em mecanismos de mitigação. “É como o efeito bola de neve: quanto mais você adiar a ação, mais a ação será cara”, acrescentou ela.

Os fundos que o GCF pretende arrecadar devem ser investidos em fontes de energia de baixo carbono e projetos de infraestrutura no mundo em desenvolvimento. Países desenvolvidos se comprometeram em doar € 100 bilhões até 2020 para a ferramenta, mas a falta de consenso entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento fez com que a arrecadação não passasse de alguns bilhões. “Não é uma conversa fácil”, lamentou Cheikhrouhou.

Um dos impasses é que, para os países ricos, o objetivo é envolver o setor privado para ajudar a cumprir os compromissos do fundo, enquanto as nações em desenvolvimento querem que os esforços venham principalmente de financiamento público. Outro ponto de discórdia é o envolvimento de potências emergentes como a China e a índia, cujo apoio financeiro ao GCF ainda não está bem definido.

Ainda assim, alguns pontos já foram acordados pelos países, como por exemplo, implementar o fundo diretamente em vez de usar agências e outros intermediários. Dessa forma, os pagamentos podem ser feitos diretamente às nações beneficiárias, que podem ficar responsáveis por distribuir o dinheiro para os projetos que desejarem.

Nesta semana, em Paris, os países conseguiram chegar a alguns avanços sobre como priorizar as necessidades das nações mais pobres. Por exemplo, foi firmado um plano para ajudar países em desenvolvimento vulneráveis a se prepararem para apresentar e implementar projetos financiados pelo GCF, e foi solicitado ao secretariado do fundo que sejam mobilizados recursos para esse propósito.

“O quadro do GCF aprovou uma decisão bastante boa sobre prontidão e apoio preparatório, inclusive pedindo por dinheiro antecipado. Melhor resultado até agora, eu diria”, tuitou Brandon Wu, analista político do ActionAid Estados Unidos.

Chamou também a atenção a decisão de incentivar a adoção de uma abordagem de gênero nas políticas e operações do fundo, algo que grupos em defesa da igualdade de gênero já vêm pedindo há algum tempo.

Mas apesar desses progressos, a grande questão de quando os doadores começarão realmente a financiar o GCF ainda está em jogo. Se o fundo não se ativer ao seu plano de levar à uma primeira rodada de compromissos, “isso terá um impacto direto nas negociações para o acordo climático global de 2015. O verdadeiro teste será na metade do próximo ano”, comentou Mohamed Nasr, diplomata e assessor do Egito no fundo, à Reuters.

Oscar Reyes, do programa de políticas climáticas do Instituto para Estudos Políticos, alertou que o adiamento da busca por doações até que as regras do GCF sejam definidas “abre a possibilidade de mais atrasos em um fundo que já foi adiado. Isso pode espalhar mal-estar. Se os países não se comprometeram até a metade do próximo ano, isso prejudicaria as negociações climáticas”, concluiu.

Fonte: Carbono Brasil

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