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ÉPOCA Empresa Verde 2016: Os ganhos são ambientais

As vencedoras do Prêmio ÉPOCA Empresa Verde mostram que boas práticas ambientais são estratégia de negócio

A outra novidade é a categoria que premia iniciativas empresariais que dialogam com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU. A ideia é mostrar que as iniciativas ambientais das empresas não podem ser isoladas. Elas têm de ter impacto também no entorno, nas comunidades, na vida de funcionários e consumidores. A iniciativa que mais se aproxima dessa dimensão social e nos torna mais próximos do cumprimento dos 17 objetivos da ONU foi escolhida para ser um exemplo para outras empresas. O vencedor dessa categoria foi escolhido junto com a Rede Brasil do Pacto Global da ONU. A seguir, você vai conhecer o que as seis empresas campeãs fazem pelo meio ambiente e para garantir seu próprio futuro sustentável.

As vencedoras

CPFL
LUCRO RENOVÁVEL

Energia renovável não dá dinheiro, certo? Diz isso para a CPFL. Uma concessionária de energia que atua principalmente no Centro-Sul do Brasil, a empresa anunciou, em 2015, um Ebitda – o valor do lucro antes de considerar juros, impostos, depreciação e amortização – de R$ 1 bilhão só com suas operações de energias renováveis. Um marco para o setor.

A CPFL venceu o prêmio na categoria “Serviços” por se destacar pelo trabalho com energia limpa. Ela é, hoje, a maior empresa da América Latina em produção e distribuição de renováveis. São 87 usinas com 1,9 gigawatt de capacidade instalada. Cerca de 94% delas são renováveis, como pequenas centrais hidrelétricas, usinas eólicas, uma usina solar e aproveitamento de biomassa. No ano passado, ela deu um passo importante a caminho da eficiência energética, criando uma empresa voltada exclusivamente para melhorar a eficiência na produção e transmissão de energia. Melhorar a eficiência significa disponibilizar mais energia produzindo um impacto menor no meio ambiente. Também significa reduzir custos, que é sempre uma boa estratégia de negócios. “Nós integramos a sustentabilidade no planejamento estratégico do grupo”, diz Luiz Eduardo Osori, vice-presidente Jurídico e de Relações Institucionais da CPFL Energia.

UNILEVER
SORVETE PARA O CLIMA

Ninguém imagina estar danificando – ou protegendo – a natureza ao comprar um sorvete. Mas a matéria-prima desse inocente sorvete veio de algum lugar. E se o cacau usado na produção de um picolé de chocolate ajudou a derrubar florestas? A Unilever, em 2015, conseguiu garantir que todo o cacau do sorvete Magnum tem o selo da Rainforest Alliance, uma ONG certificadora respeitada globalmente. Outras linhas, como a Fruttare, também são verificadas por certificações. A empresa é vencedora do Prêmio Empresa Verde na categoria “Indústria”. “A maior parte de nossas matérias-primas agrícolas foi adquirida de fontes sustentáveis”, diz Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil.

É a segunda vez consecutiva que a Unilever é eleita a melhor empresa na categoria. No ano passado, foi escolhida pela linha de produtos concentrados, que incentivam o consumidor a economizar. Cerca de dois terços da pegada ambiental da empresa estão ligados ao descarte dos produtos e embalagens. A estratégia para reduzir esse impacto são tecnologias para gerar produtos concentrados ou compactados, que usam menos água, pesam menos no transporte, usam menos embalagem.

As ações da empresa são guiadas por um plano global de sustentabilidade lançado pelo CEO internacional da empresa, Paul Polman (leia mais abaixo). O plano abrange todas as marcas da empresa, em todos os países de atuação. Ele define que os produtos precisam fazer a diferença no bem-estar do consumidor e apoiar o sustento de muitas pessoas por meio da cadeia de fornecedores, da produção e da distribuição. É um jeito de a empresa usar seu tamanho para influenciar milhares de outras.

ITAÚ UNIBANCO
ECONOMIA DO VENTO

Fazer um talão de cheque de papel reciclado pode ser uma medida simpática. Por outro lado, condicionar financiamento de empresas a medidas ambientais tem o potencial para gerar impactos maiores. Por isso, o Prêmio ÉPOCA Empresa Verde considera como o banco usa o poder dos fluxos financeiros para promover a economia verde.

Ao fazer essa ponte, criando análises de risco para guiar os investidores em uma das pontas e exigindo parâmetros de sustentabilidade das empresas financiadas na outra ponta, o Itaú foi escolhido como o vencedor da categoria. “O nosso grande papel é o da influência”, afirma Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do banco. “O impacto direto do banco é relativamente pequeno, mas, dependendo de como a instituição ajusta essas questões no fluxo de crédito, investimento e financiamento, ela induz as empresas a uma economia mais verde e mais eficiente.”

Esses princípios guiaram o banco em grandes investimentos na área de energias renováveis. Em 2015, por exemplo, o banco investiu R$ 993 milhões de recursos próprios em 14 projetos de energia eólica. Além disso, fez parcerias com instituições multilaterais. Uma delas foi com a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para projetos no setor privado. A IFC liberou US$ 400 milhões para financiar projetos de energia renovável no Brasil. Com o BNDES, foi R$ 1 bilhão para investimento em eficiência energética e energia renovável, incluindo eólicas e biomassa.

MRV
MINHA CASA VERDE

A construtora MRV se viu em meio a um dilemma econômico ao construir empreendimentos para o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Como o programa determina um preço fixo, a empresa não pode abaixar preços para se diferenciar dos concorrentes. Como sobressair? “Nós tínhamos de fazer diferente para que o cliente escolhesse o nosso produto”, diz o gestor executivo da empresa, Jose Luiz da Fonseca.

A ideia foi expandir as ações de sustentabilidade, nas obras e nos apartamentos, para mostrar aos clientes que a construtora era diferente. O plano deu certo. A empresa passou a usar madeira certificada e de reflorestamento, reduziu o consumo de energia, promoveu, nos projetos de apartamentos, a iluminação natural e a eficiência energética. Conseguiu, dessa forma, reduzir suas emissões de gases de efeito estufa – e melhorar a qualidade de vida dos consumidores. De 2015 em diante, todos os imóveis entregues pela construtora são carbono zero. As emissões que a empresa não consegue evitar são compensadas com plantio de florestas. Por isso, foi escolhida pelo prêmio na categoria “Mudanças Climáticas – Serviços”. Na MRV, as metas de sustentabilidade são requisitos para o pagamento de bônus. Ou seja, todos os funcionários, dos executivos aos operários, têm nos próprios bolsos o interesse em reduzir emissões.

NOVELIS
RECICLANDO COM LUCRO

No final de 2014, a Novelis encerrou suas operações de alumínio primário – aquele que é extraído diretamente da terra. “Era uma operação antiga, pouco eficiente, de custo-benefício questionável”, diz Rogério Almeida, vice-presidente de Operações da Novelis. Foi uma decisão econômica. Trabalhar com o alumínio reciclado em vez do primário faz mais sentido para os negócios da empresa. Porém, não apenas. Em 2015, a mudança deu frutos também para as metas ambientais.

A operação de alumínio primário emite gases responsáveis pelo efeito estufa. Além disso, gasta muita eletricidade, que também corresponde a mais emissões nas usinas geradoras de energia, fora as hidrelétricas. Ao trocar as operações primárias por material reciclado, a empresa mudou esse panorama. O trabalho com alumínio reciclado reduz em 95% a necessidade do consumo de energia – consequentemente reduzindo as emissões. Dessa forma, a Novelis conseguiu uma operação mais eficiente e amigável para o clima. Por isso, foi eleita a Melhor Empresa na categoria “Mudanças Climáticas – Indústria”. A Novelis acredita que, até 2020, reduzirá pela metade as emissões absolutas de suas operações.

A operação também mostra as vantagens de uma economia circular, em que nada vira lixo. O alumínio usado em latas de sucos, refrigerantes e cervejas volta para a indústria, que pode reprocessar esses produtos sem precisar abrir novas áreas de mineração.

NATURA
FRUTOS DA BIODIVERSIDADE

A ucuuba é uma árvore da Amazônia ameaçada de extinção por um motivo nada nobre: ela é usada para fazer palito de churrasco. E se encontrássemos uma forma de fazê-la valer mais em pé do que em churrasqueiras? Foi isso que a Natura, vencedora do prêmio na categoria “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável”, fez.

A categoria ODS é uma nova categoria do prêmio. A ideia é premiar iniciativas ambientais que causam impacto positivo para além da empresa, se relacionando com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – entre eles a erradicação da pobreza e a redução de desigualdades. A Natura conseguiu isso com a produção do Ekos Ucuuba, lançada em 2015. Descobriu uma forma de preservar a floresta, gerar renda para comunidades locais e lucro para a empresa, tudo ao mesmo tempo. “Nós atuamos com 24 comunidades, com mais ou menos 2 mil famílias. É uma relação de parceria”, diz Renata Puchala, gerente de sustentabilidade da Natura. Segundo ela, as famílias ganham três vezes mais coletando e comercializando o fruto da ucuuba do que cortando a árvore.

A empresa trabalha com a manteiga que fica dentro do fruto da ucuuba. Essa manteiga é uma velha conhecida das comunidades tradicionais. O que não se sabia – e que foi descoberto graças ao trabalho científico da Natura – é que ela também tem propriedades hidratantes para cosméticos. A criação de produtos que aproveitam a biodiversidade da Amazônia sem destruí-la é o principal caminho para desenvolver a região. Pesquisadores renomados, como o climatologista Carlos Nobre, defendem que, com biotecnologia e a quarta revolução industrial, podemos transformar a Amazônia em um polo tecnológico para grandes indústrias, como a farmacêutica e a de cosméticos, ao mesmo tempo mantendo a floresta que protege nosso clima e a incrível fauna e flora da Amazônia. Investir na biodiversidade dá frutos, como a ucuuba.

O missionário da indústria

A visão do CEO da Unilever sobre as responsabilidades das empresas

Quando terminava a escola, o holandês Paulus Gerardus Josephus Maria Polman queria ser médico. Mas não conseguiu vaga em nenhuma escola de medicina. Sua vida seguiu outro rumo. Hoje conhecido como Paul Polman, ele tenta praticar outras curas. Polman assumiu como CEO global da Unilever em 2009 e deu uma guinada nas políticas da empresa. Ele acredita que as grandes indústrias têm a responsabilidade de enfrentar as questões do mundo, como pobreza, bem-estar e as mudanças climáticas. É o que diz em conferências mundiais, desde o Fórum Econômico em Davos até a Conferência do Clima em Paris.

Uma das primeiras medidas de Polman na Unilever foi acabar com a divulgação trimestral dos resultados financeiros, para estimular acionistas a pensar em longo prazo e olhar a sustentabilidade das operações além de ganhos imediatos. A empresa continua crescendo ano a ano. As ações de Polman são reconhecidas fora do mundo empresarial. Ele é um dos dois únicos representantes do setor privado no Alto Painel da ONU para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Por: Bruno Calixto
Fonte: Blog do Planeta

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