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Proteste encontra irregularidades em amostras de carnes de 5 marcas

Fiscalização apontou problemas em produtos das marcas Friboi e Frialto, da JBS, Montana, Ceratti e Confiança; carnes tinham níveis elevados de nitrato, substância usada como conservante.

carne jbs (Foto: globonews)

carne jbs (Foto: globonews)

Um estudo divulgado pela Proteste nesta terça-feira (19) identificou a presença de conservantes proibidos em contrafilé de distribuidoras das marcas Friboi, do frigorífico JBS, e nas picanhas das marcas Frialto, que também é da JBS, e Montana, da Marfrig. Entre as irregularidades, estão níveis elevados de nitrato, substância empregada em carnes para melhorar aspectos dos produtos além de atuar como antioxidante, aumentando seu tempo de conservação.

Segundo a Proteste, a fiscalização foi realizada após as denúncias de irregularidades na carne brasileira feitas durante a operação Carne Fraca, realizada em março pela Polícia Federal. “O objetivo era avaliar se os produtos comercializados em diversos estabelecimentos também apresentavam as inconformidades citadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca”, explicou a instituição.

O uso de nitrato, segundo o órgão, é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em carnes processadas e embutidas, dentro de um limite que, quando ultrapassado, pode dar origem a componentes tóxicos e cancerígenos. Em carnes frescas e congeladas, como nas amostras analisadas, a utilização é proibida.

Os peritos também constataram peróxidos, compostos que se formam após a deterioração da gordura, acima do esperado nas amostras de mortadela das marcas Ceratti e Confiança. Segundo a Proteste, os resultados serão enviados ao Ministério da Agricultura e à Anvisa.

Para realizar o estudo, a Proteste coletou em supermercados localizados no estado de São Paulo 26 amostras de carne bovina, linguiça suína, salsicha, mortadela e filé de peito de frango. Ao todo, foram encontrados um aditivo proibido e sinais de deterioração em 5 das 26 amostras avaliadas.

Em nota, a Friboi informou que suas carnes in natura são “comercializadas livres de conservantes e que não utiliza Nitrato em nenhum momento do processo” (confira nota na íntegra no fim desta reportagem).

A Marfrig também disse, em nota, que não faz “uso de nitrato em carnes in natura” e que “não tivemos acesso aos critérios utilizados pelo Instituto Proteste para análise das amostras de produtos” (confira nota na íntegra no fim desta reportagem).

A Ceratti afirma que “desconhece as condições de realização dos testes” e que a “formação de peróxidos pode ser consequência de um processo de degradação natural e físico-química do produto” (confira nota na íntegra no fim desta reportagem).

O G1 contatou as outras empresas citadas e aguarda resposta. A reportagem não conseguiu contato com a marca Confiança.

Troca de produtos Consumidores que tenham comprado algum dos seguintes produtos, podem contatar o SAC do fabricante para exigir a imediata substituição ou a restituição da quantidade paga, monetariamente atualizada.

Produtos

SIF Produto Marca Lote Data de Validade Problema Encontrado
1765 Mortadela Ceratti 266823 10/04/2017 Peróxidos
77 Mortadela Confiança 02.02.17 03/04/2017 Peróxidos
3181 Contrafilé Friboi JBS 27.02.2017 28/04/2017 Nitrato
3348 Picanha Frialto 03.03.17 02/05/2017 Nitrato
4238 Picanha Montana 17.02.2017 17/04/2017 Nitrato

Além disso, não foi encontrado Nitrito na amostra avaliada, o que descredencia a própria análise divulgada pela Proteste, já que a substancia de Nitrato é transformada naturalmente em Nitrito.

Além disso, mais uma vez a Proteste não informou o laboratório que realizou a análise e o laudo apresentado não atende ao padrão estabelecido pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005 para emissão de resultados.

A marca informa ainda que, diferente do que foi divulgado pela Proteste, não foi alvo da Carne Fraca e não teve nenhum produto ou funcionário citado na Operação.”

Questionada novamente pelo G1 após a resposta da JBS, a Proteste reafirmou que encontrou nitrato na carne analisada.

Nota da Marfrig na íntegra: “A Marfrig conta com um rigoroso processo de garantia da qualidade e de segurança alimentar, mantendo toda a documentação pertinente aos testes realizados em amostras coletadas de cada lote. O produto só é liberado para o mercado após a validação da área de garantia de qualidade. As unidades de produção passam ainda por auditorias periódicas realizadas por empresas independentes. Informamos que não fazemos uso de nitrato em carnes in natura, e que não tivemos acesso aos critérios utilizados pelo Instituto Proteste para análise das amostras de produtos.” Nota da Ceratti na íntegra “A Ceratti, marca tradicional e reconhecida de frios e embutidos da mais alta qualidade, que tem entre seus aclamados produtos, a mortadela Bologna tradicional, vem, por meio desta nota, esclarecer que:

1. Respeita todas as normas brasileiras e internacionais de produção e comercialização, priorizando sempre matérias-primas de alta qualidade;

2. Desconhece as condições de realização dos testes, bem como, de seleção das amostras.

3. Entrou em contato com a instituição e aguarda esclarecimentos sobre a análise.

A formação dos peróxidos pode ser consequência de um processo de degradação natural e físico-química do produto. Para aprofundar a análise, é necessário verificar as condições apresentadas pelo produto no momento da coleta e do teste realizado, bem como, obter informações sobre a data de realização do mesmo.

A Ceratti respeita seus clientes, fornecedores e consumidores, trabalha há mais de 85 anos com produtos de alta qualidade e garante a integridade de todos os processos de manipulação e fabricação dos seus produtos.

Estamos à disposição para esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários.

Estamos pesquisando os limites máximos para peróxidos em produtos desta categoria, pois atualmente, existe pouca literatura que nos permita afirmar esses limites.”

Por: Luís Ottoni
Sob supervisão de Marina Gazzoni
Fonte: G1

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