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Banco público ainda vai liderar crédito em 2013

Os bancos públicos continuarão liderando a expansão do crédito em 2013, mas perderão fôlego em relação a 2012, levando o conjunto de operações do sistema financeiro a um crescimento nominal mais moderado. A carteira de empréstimos e financiamentos dos bancos privados registrará aumento mais acentuado que o deste ano, porém, ainda mais fraco que a das instituições estatais. Com a desaceleração no setor financeiro público, medida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a taxa real de expansão do crédito total cairá pela metade, saindo de 4% para 2% do PIB.

Esse é, em resumo, o cenário apontado pelas projeções divulgadas ontem pelo Banco Central (BC) para o crédito no Brasil. A autoridade monetária calcula que o crescimento nominal se situará em torno de 14% em 2013, ante 16% esperados em 2012. O próximo ano, portanto, seria o terceiro ano seguido de desaceleração nesse critério, pois, após chegar a 21% em 2010, a velocidade de expansão do estoque de operações já tinha recuado em 2011, para 19%.

No acumulado até novembro, as estatísticas mostraram elevação de 13,5% neste ano. A carteira do sistema fechou o mês em R$ 2,304 trilhões. Pelo nono mês consecutivo, o crédito no Brasil cresceu como proporção do PIB, de outubro para novembro, saindo de 52,2% para 52,6%.

A projeção do Banco Central (BC) indica que essa relação avançará para 53% até o fim deste ano e para 55% até o encerramento de 2013. Em dezembro de 2011, era de 49%. O incremento real esperado no próximo ano, portanto, é apenas metade do que está muito perto de se confirmar em 2012.

Além da perda de ritmo dos bancos públicos, contribui para a expectativa de tal desaceleração real o fato de que a economia brasileira deverá crescer mais no próximo ano do que neste e, com ela, o denominador da relação crédito/PIB.

O baixo crescimento real da economia este ano certamente ajudou a elevar o crédito como proporção do PIB. O percentual aumentou apesar de a carteira do sistema vir apresentando elevação nominal “moderada” ao longo dos últimos meses, adjetivo usado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, em discursos recentes.

Em novembro, mês em que a expansão nominal foi de 1,5%, houve uma aceleração, mas muito discreta em relação a outubro (1,43%, no dado revisado). O ritmo tampouco foi muito maior que aquele observado em agosto e setembro, meses em que o saldo das operações de crédito no Brasil cresceu nominalmente 1,3%.

Com crescimento muito acima da média do sistema, a carteira dos bancos públicos aumentou 22,5% no acumulado do ano até novembro, levando o BC a revisar de 24% para 26% a expansão projetada para 2012 inteiro. Para 2013, a autoridade monetária aposta em moderação e projeta 18%.

Em 2012, a taxa de crescimento do estoque de crédito dos bancos públicos vem sendo expressiva principalmente por causa da ordem dada pelo governo federal para que Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil reduzissem taxas de juros e expandissem as operações.

Os bancos privados, por outro lado, se mantiveram receosos em ampliar muito suas operações diante da resiliência da inadimplência dos tomadores de crédito (carteiras com recursos livres). O BC divulgou projeções separadas para instituições de controle nacional e estrangeiro. Somando os dois segmentos, as estimativas pressupõem que o estoque de crédito do sistema financeiro privado vai se expandir apenas 8,2% em 2012, taxa que subiria para 10,6% em 2013.

A aceleração será mais acentuada nos bancos de controle nacional, cujo ritmo de crescimento deve se fortalecer de 7% para 10%. A taxa de expansão da carteira dos bancos privados de controle estrangeiro deve passar de 11% para 12%, ainda na comparação deste com o próximo ano.

A inadimplência das operações de crédito com recursos livres (a amostra do BC pega quase tudo nesse caso) até baixou em novembro, mas muito discretamente. A participação daquelas com pagamentos em atraso há mais de 90 dias passou de 5,9% para 5,8% do conjunto de operações consideradas. A queda ocorreu somente no segmento de pessoas físicas, cuja inadimplência saiu de 7,9% para 7,8%. A inadimplência das empresas ficou em 4,1%.

Ainda quanto ao passado recente, os números divulgados ontem pelo BC apontaram nova redução de taxas de juros e também de spread bancário, contrariando previsão implícita feita pelo presidente da autarquia, Alexandre Tombini, quando divulgou nota comentando o resultado do PIB do terceiro trimestre. Na ocasião, ele atribuiu a queda do nível de atividade do setor de intermediação financeira a “eventos que tendem a não se repetir”, o que, segundo fontes governamentais, foi uma referência à expectativa de que o spread médio pararia de cair.

Por: Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves
Fonte: Valor Econômico

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