Eleito pela terceira vez, o governador do Pará fala sobre os desafios de se fazer política na região Norte
“O sistema fiscal e tributário é perverso com os produtores de recursos naturais da região amazônica”, diz Simão Jatene Eleito pela terceira vez, o governador do Pará fala sobre os desafios de se fazer política na região Norte
Em entrevista ao Roda Viva dessa segunda-feira (22), o governador do Pará Simão Jatene critica o sistema fiscal e tributário brasileiro com relação aos estados produtores de recursos naturais da Amazônia. Segundo ele, o Pará contribui de forma decisiva tendo o segundo maior saldo da balança comercial, o décimo terceiro PIB, mas é apenas o vigésimo quarto orçamento da União. Jatene foi reeleito com 51,92% dos votos válidos no segundo turno.
Confrontado com os preocupantes índices de mortalidade infantil, homicídios e analfabetismo do estado, ele reconhece que são indicadores sociais precários e afirma que para conseguir mudar esta realidade, é necessário primeiro discutir o pacto federativo. “Nós precisamos rediscutir a questão das receitas. Melhorar a qualidade do gasto (…), mas simplesmente melhorando a qualidade do gasto nós não vamos reverter estes índices”.
Sobre a Amazônia, ele acredita que é necessário acabar com a ideia bipolar de que é preciso produzir ou preservar. “Eu acho que a Amazônia tem um duplo papel importantíssimo. O primeiro deles: nós somos grandes prestadores de serviços ambientais em escala planetária; (…) o outro lado da medalha é nós sermos base material de vida digna para as pessoas que ali vivem e ali moram. Nós temos 25 milhões de pessoas na Amazônia”.
No próximo mandato, o governo pretende estimular os incentivos ao extrativismo na Amazônia, reforçando a relação com empresas que favoreçam um estreitamento entre a produção e o mercado em grande escala e garantindo que as populações que vivem da floresta façam parte desse processo.
Belo Monte
Questionado sobre a responsabilidade do governo do estado na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, ele afirma que é preciso corrigir os erros do passado. Para isso, sugere a criação de um fundo a fim de garantir investimentos para a região, como única forma de redução dos impactos negativos. “Se não criar mecanismos de financiamentos para garantir que a implantação desses grandes projetos tenha a realização prévia de avanço na infraestrutura pra comportar a migração que se desloca para esses municípios ou pra essas regiões, nós vamos ficar reclamando e não vamos avançar”.
PSDB
Sobre o desempenho ruim do partido nas ultimas eleições, nas regiões Norte e Nordeste, Jatene acha que isso é reflexo da desigualdade existente no país. “O discurso muitas vezes voltado para uma determinada região não dá conta do território nacional (…), esse matiz regional precisa vir para o partido de fato impregnar sua lógica”.
Por: João Schneider
Edição: Thábata Mondoni Jornalismo
Fonte: TV Cultura