O corte da taxa básica de juro, que tem gerado uma série de desafios para os gestores de fundos de investimentos brasileiros na busca por diversificação em seus portfólios, continuará no foco em 2013. Essa ideia foi exposta por executivos responsáveis por algumas das maiores casas de gestão de ativos do Brasil, em evento realizado em São Paulo. No cardápio para o ano que vem, alguns especialistas apostam no maior apelo dos fundos imobiliários e das debêntures de infraestrutura, por exemplo.
“Estamos vivendo um momento econômico muito desafiador, novo e único em termos de investimentos”, disse Carlos da Costa André, diretor-gerente da BB DTVM, que tinha cerca de R$ 453,5 bilhões sob gestão no fim de outubro, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Entre os maiores países emergentes, que compõem o bloco dos Bric, André citou como exemplo as indústrias de fundos do Brasil e da Índia, que ainda têm a maior parte de suas aplicações feitas em ativos de renda fixa, enquanto na Rússia e na China a porção maior dos investimentos já está alocada em ativos de renda variável.
Para Gustavo Murgel, diretor-gerente da Itaú Asset Management, “[a mudança] será um processo, mas estamos preparados para lidar com ela. Durante muito tempo dissemos que as mudanças iriam acontecer, mas elas não vinham. Desta vez, foi de verdade.”
Um dos pontos mais discutidos nas discussões foi a busca por ativos com prazos de maturação mais longos e rentabilidade mais atraente e que, naturalmente, têm perfil de risco mais alto ainda são considerados escassos no mercado de capitais brasileiros.
“Antes, não fazia sentido tomar risco, mas esse não é mais o cenário. Clientes passarão a buscar produtos financeiros de maior valor agregado e com tempo de maturação maior”, acrescentou Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Sekular Investimentos.
De acordo com Pedro Bastos, chefe regional para a América Latina do HSBC, a euforia inicial com as novas possibilidades de investimento permeou o debate entre gestores em 2012, mas o próximo ano tende a ser bem mais “chocante”, pois será marcado pela transição de fato de alocações em renda fixa hoje feitas em títulos do governo para outras alternativas de investimento. “Teremos o desafio de apresentar soluções que os clientes nem sabem que querem ainda, eles não sabem do que precisam”, disse Bastos. “A parte de aconselhamento será a parte mais difícil para as gestoras de forma geral.”
Segundo Luciane Ribeiro, responsável pela área de asset management no Santander do Brasil, os gestores locais têm buscado inovar na hora de buscar esses produtos com perfil de risco mais alto. Ela citou como exemplo a busca recente por parte de clientes por “hedge funds” e fundos imobiliários, após o corte das taxas de juros.
Para a executiva do Santander, os fundos imobiliários são aqueles que tendem a ganhar mais espaço na prateleira das gestoras no ano que vem. Paralelamente, ela acredita que haverá um aumento do apetite por debêntures de infraestrutura, que contam com isenção de impostos para investidores estrangeiros e de imposto de renda para investidores pessoa física.
Por: Filipe Pacheco
Fonte: Valor Econômico
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