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A morte não pede carona, anda de ônibus

Abrimos a Semana de Mobilidade com um “enterro” das 11 vítimas diárias dos coletivos a diesel da maior metrópole do país

Um “cemitério” foi montado na Câmara dos Vereadores de São Paulo © Barbara Veiga / Greenpeace

Na manhã desta segunda-feira (18/9), a morte passou pela Câmera Municipal de São Paulo. Trazia com ela as 11 vítimas dos ônibus a diesel. O ato, bastante simbólico, foi um protesto de nossos ativistas para marcar a média diária de pessoas que morrem precocemente por doenças geradas ou agravadas pela poluição do ar resultante da queima desse combustível – 2.871 pessoas no acumulado deste ano.

Para lembrar a importância disso, colocamos uma lápide em frente ao portão central. Ela simboliza a própria morte da cidade de São Paulo, que perde conhecimento, experiências e afetos junto com essas vidas.

A morte de pessoas também representa a morte da cidade © Barbara Veiga / Greenpeace

Com banners, nossos ativistas enviaram uma mensagem forte diretamente a quem cabe enfrentar o problema: “Milton Leite e Dória, essa conta é de vocês”.  O presidente da Câmara tenta aprovar um projeto de lei que prorroga os ônibus a diesel na cidade sem um plano claro para zerar as emissões no futuro; e o prefeito da cidade, João Doria, pode exigir que as empresas adotem veículos menos poluentes na próxima licitação do transporte público.

Cobrança a quem cabe solucionar o problema © Barbara Veiga / Greenpeace

“Nesta Semana da Mobilidade, muito se defende o transporte público de qualidade como opção ao carro particular, mas essa qualidade passa por garantir que ele seja saudável para as pessoas e para o ambiente, por meio de combustíveis renováveis e não poluentes. É possível e necessário zerar as emissões dos ônibus em menos de uma década, mas vereadores e a Prefeitura ainda se recusam a definir um prazo para isso, prolongando as mortes por poluição”, afirma Davi Martins, especialista de mobilidade urbana do Greenpeace.

Segundo o patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, a cada duas horas exposto ao trânsito de São Paulo equivale a fumar um cigarro. Se fomos capazes de combater o fumo em locais fechados, é hora de enfrentar a poluição do ar causada pelo diesel.

Diversas doenças cardíacas, respiratórias, câncer, e prematuridade estão relacionadas diretamente à poluição do ar causada pelo diesel © Barbara Veiga / Greenpeace

Embora crianças e idosos sejam os mais afetados, esta fuligem atinge a todos, mas quem sofre mais são aqueles que têm menos recursos para gastar com saúde e remédios.  Um relatório do Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS), lançado em abril deste ano, calculou que, se nada for feito, 178 mil pessoas morrerão precocemente até 2050.  Por outro lado, a adoção de ônibus elétricos em toda a frota a partir de 2020 poderá salvar 13 mil vidas – uma por dia, durante todo esse período.

Conscientizar a população é uma das formas de ampliar a pressão pública por um ar mais limpo © Barbara Veiga / Greenpeace

E porque começar a limpar o ar pelos ônibus?  Eles representam menos de 4% da frota de veículos que rodam pela cidade, mas são responsáveis por quase metade (47%) desta fumaça preta que encobre a cidade.  As tecnologias mais limpas e renováveis já estão disponíveis e mostramos em nosso Dossiê Ônibus Limpo que elas já são viáveis técnica e financeiramente.

Fonte: Greenpeace

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